Aplausos (ovação inspirada)
Oiçam...
...
O som incessante...
...
A vaga bruta e desorganizada...
...
Oiçam-nos... os aplausos.
Este som tão primordial... uma das marcas mais antigas de quase todas as civilizações humanas (digo "quase" porque não terei a presunção de dizer que as conheço a todas). Desde que o homem teve razão para louvar, aplaudiu.
É tão simples! Duas mãos; um contra a outra repetidamente... e cria-se a moeda corrente mais utilizada no mundo dos elogios.
E no entanto, por trás dessa simplicidade esconde-se um siginificado quase poético (tal como em todas as facetas humanas). Uma das ocasiões em que se costuma ouvir mais aplausos é num espectáculo... lembro-me como foi aplaudido Yo-Yo Ma quando tocou em Portugal... lembro-me como eu aplaudi até as minhas mãos ficarem vermelhas. Era como se as mãos tivessem vontade própria... como se elas ficassem vermelhas de vergonha perante a grandiosidade das mãos que há poucos segundos tinham tocado a sexta suite de Bach.
Que são os aplausos senão mãos a aplaudir mãos?
Que são o aplausos senão o reconhecimento da nossa insignificância perante o que nos supera mesmo que seja só num momento?
As mãos são sem dúvida a maior ferramenta do homem... as nossas civilizações têm a distinta marca da mão humana, como uma impressão digital: única e inconfundível. Usámos as mão para criar, destruir, matar, acariciar, amar, odiar, superar... também as usamos para elogiar. Também as usamos como gesto de humildade.
Nós, portugueses, somos conhecidos pelos artistas do resto do mundo como o povo mais generoso em termos de aplausos. Bom, mau, medíocre... após qualquer espectáculo nem precisamos de esperar um minuto para que o público inteiro esteja de pé a louvar o artista como um semi-deus.
Será falta de gosto?
Eu gosto de pensar de outra maneira. Gosto de acreditar que é uma prova do quão conscientes da nossa condição estamos. Aprecio a ideia que os Portugueses perante a grandeza de certos indivíduos ou talvez perante a sua própria insignificância se sintam compelidos a aplaudir... fazer uma vénia é mais complicado e infinitamente mais humilhante.
Talvez precisemos de ser mais aplaudidos... ou alguns precisem de aplaudir mais vezes. Talvez precisemos de entender melhor a importância dos nossos aplausos... uma ovação hipócrita é tão insultuosa como uma ovação sentida o é enaltecedora.
Talvez um dia possamos escutar por todo o mundo esse som tão belo e simples...
Talvez as multidões um dia aprendam a aplaudir-se a si e aos outros sem diferenças...
Talvez...
Ah... mas volto a ouvi-los..
Incessantes...
Os aplausos...
Oiçam-nos...
...
..
.
...
O som incessante...
...
A vaga bruta e desorganizada...
...
Oiçam-nos... os aplausos.
Este som tão primordial... uma das marcas mais antigas de quase todas as civilizações humanas (digo "quase" porque não terei a presunção de dizer que as conheço a todas). Desde que o homem teve razão para louvar, aplaudiu.
É tão simples! Duas mãos; um contra a outra repetidamente... e cria-se a moeda corrente mais utilizada no mundo dos elogios.
E no entanto, por trás dessa simplicidade esconde-se um siginificado quase poético (tal como em todas as facetas humanas). Uma das ocasiões em que se costuma ouvir mais aplausos é num espectáculo... lembro-me como foi aplaudido Yo-Yo Ma quando tocou em Portugal... lembro-me como eu aplaudi até as minhas mãos ficarem vermelhas. Era como se as mãos tivessem vontade própria... como se elas ficassem vermelhas de vergonha perante a grandiosidade das mãos que há poucos segundos tinham tocado a sexta suite de Bach.
Que são os aplausos senão mãos a aplaudir mãos?
Que são o aplausos senão o reconhecimento da nossa insignificância perante o que nos supera mesmo que seja só num momento?
As mãos são sem dúvida a maior ferramenta do homem... as nossas civilizações têm a distinta marca da mão humana, como uma impressão digital: única e inconfundível. Usámos as mão para criar, destruir, matar, acariciar, amar, odiar, superar... também as usamos para elogiar. Também as usamos como gesto de humildade.
Nós, portugueses, somos conhecidos pelos artistas do resto do mundo como o povo mais generoso em termos de aplausos. Bom, mau, medíocre... após qualquer espectáculo nem precisamos de esperar um minuto para que o público inteiro esteja de pé a louvar o artista como um semi-deus.
Será falta de gosto?
Eu gosto de pensar de outra maneira. Gosto de acreditar que é uma prova do quão conscientes da nossa condição estamos. Aprecio a ideia que os Portugueses perante a grandeza de certos indivíduos ou talvez perante a sua própria insignificância se sintam compelidos a aplaudir... fazer uma vénia é mais complicado e infinitamente mais humilhante.
Talvez precisemos de ser mais aplaudidos... ou alguns precisem de aplaudir mais vezes. Talvez precisemos de entender melhor a importância dos nossos aplausos... uma ovação hipócrita é tão insultuosa como uma ovação sentida o é enaltecedora.
Talvez um dia possamos escutar por todo o mundo esse som tão belo e simples...
Talvez as multidões um dia aprendam a aplaudir-se a si e aos outros sem diferenças...
Talvez...
Ah... mas volto a ouvi-los..
Incessantes...
Os aplausos...
Oiçam-nos...
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4 Comments:
Bem, finalmente outro texto teu aqui Gostei Realmente inda n m tinha debruçado sobre este tem k são os aplausos Nós, músicos, sabemos bem o que significa após termos actuado, vermos o público aplaudir Olhamos para os rostos, para a intensidade e assim podemos avaliar de certa forma qual a opinião do público Bem, fico a espera que outros temas venham aqui ser "debatidos"
concordo com tudo, e sabes bem que sou um dos grandes "aplaudidores" dos concertos da Gulbenkian, quanto mais não seja por desejar ardentemente um encore...ou dois...
OU SEIS, como fez o Lang Lang!
so nºao acho que seja a mão a marca do homem.
a bala não é a marca da guerra, é so o simbolo. Por detras de tudo esta a inteligencia (?) humana (??).
mas mais uma vez parabéns pelo texto, mas sobretudo pela capacidade de observação.
um abraço
Silvercat
Obrigada pelo comentário inspirado. Contudo gostaria de deixar uma pequena nota.
Sem dúvida compreendo a tua ideia de símbolo e marca. Mas por muito significado que dês a uma bala ou por muito que culpes quem puxou o gatilho... terás de aceitar que a morte provêm não da vontade de matar mas da bala que se infiltra insidiosamente na carne.
Símbolos existem mas são símbolos porque deixaram uma marca. Tanto que são as minhas mãos que teclam esta mensagem, também são as minhas mãos e as da humanidade que movem montanhas.
Querer não basta... como dizem.
aplaudir a humanidade é uma excelente ideia...pode ser que assim nos voltemos para o nosso lado bom.
Mas as mãos não aplaudem sómemte são também capazes de infinitos gestos de ternura e carinho que se misturados com aplausos que acariciam o ego...talvez este cocktail seja uma nova fórmula deliciosa de dar um verdadeiro "boost" às nossas vidas.
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